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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Paper Planes, A máfia e a arte.


E para quem acredita já ter visto de tudo, aqui vai uma versão abrasileirada de uma música que remete ao poder paralelo e como a criminalidade é exercitada no dia-a-dia, das grandes cidades às favelas do mundo! 
É uma canção feita pelo projeto Sabrosa Nova, cuja versão original é de M.I.A., e trás uma carga simbólica muito forte no que diz respeito a como os mecanismos capazes de disseminar o crime, no sentido legal do termo, nas sociedades podem utilizar-se dos veículos midiáticos (que são, teoricamente, mecanismos da sociedade civil, e portanto, supostamente atuam como mecanismos mantenedores do status quo), para vender ao mundo a linguagem açoitadora daquele que está à deriva, daquele que atua no limiar da diferença entre o bom e o ruim.
Bom, mas como falar em poder paralelo sem citar a Camorra, a Cosa Nostra ou até mesmo os calabrianos da 'Ndrangheta? Não há como. Estas palavras representam partes da Itália e até mesmo famílias, que carregam em seu nome a marca de associações denominadas mafiosas. 
Os mafiosi, termo utilizado no plural em italiano para se referir a quem faz parte da máfia, originário da palavra mafiusi, que vem de mafiusu, e que significou há dois séculos atrás indivíduo arrogante, sem medos   e de comportamento não padronizado,  não representam o grosso da sociedade italiana,  mas sem dúvida atravessam boa parte do imaginário do país e quiçá do mundo ocidental. Não é a toa que filmes como o Scarface e Godfather ganharam os corações de muitas mentes por aqui. Ora, quem nunca ouviu falar do grande mafioso, o paizão, aquele a quem todos se reportam na hora do sufoco, pedindo clemencia e ajuda? Ou até mesmo da mãezona, a mamma, a mulher forte e lutadora, capaz de vingar seu marido, seus filhos e parentes com as próprias mãos? Ou até mesmo das famosas acompanhantes dos mafiosos, as belas que se sentiam atraídas pelo poder de seus amantes e começavam a travar, elas mesmas, suas redes de influência? Nomes como Al Capone, Don Saro, Tomaso Buscetta, Teresa Cordopatri ou Rosetta Cutolo estão aqui para exemplificar essas figuras arquetípicas do mundo atual.
De qualquer modo, a máfia surgiu do evento tumultuado de unificação da Itália, pois até o século XIX, a mesma era praticamente uma colcha de retalhos formada por províncias independentes. Para garantir suas posses, os senhores de terra contrataram homens capazes de proteger suas terras. 
Este tiro saiu pela culatra uma vez que os capatazes passaram a controlar os camponeses e os senhores de terras. Homens divididos em clãs eram esses. Não acreditavam no poder dos reis ou dos senhores e vingavam as próprias feridas. Depois de dois séculos de consolidação, a máfia passou por alguns bocados na época de Mussolini, que a troco de uma propaganda a altura de suas pretensões políticas, resolveu travar uma guerra contra essas instituições, ao passo que as mesmas ganhavam notoriedade com seus códigos de honra, integridade e regras rígidas. Nos anos 60, a máfia italiana teve seu revival, e neste momento, o mundo começou a perceber o envolvimento cada vez maior de mulheres em tarefas como lavagem de dinheiro, contrabando e sanguinolência. O livro de Clare Longrigg acima, retrata bem este intervalo. 
Mas enquanto o sol do meio dia não aparece, vamos curtir a beleza e loucura estética do cinema e da música e sua tarefa de transformar os problemas da vida em arte! 

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