Procura

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Fujiwara, Goethe e Extasia!


"Que espera ainda a cabeça que se crava
Só na matéria estéril, rasa e fria,
Que por tesouros com mão cobiçosa cava
E ao encontrar minhocas se extasia?"
(Fausto, Goethe)




Extasia é o nome da mais nova empreitada artística de Viviani Fujiwara. Este foi o nome escolhido para entitular sua exposição de quadros que será realizada nos meses de abril e maio deste ano em Natal(RN) na Galeria Niltheoogan. A artista, que tradicionalmente retrata o mundo dos sonhos e da fantasia em suas telas, nessa nova exposição, explorou o universo literário goetheano para trazer a tona uma temática especial, a das imperfeições escondidas, do espírito adormecido na materialidade, do achar que se possui algo distante, de não possuir o que se quer e achar que possui, dos falsos tesouros que encontramos na vida. 
O êxtase, do qual derivou o nome da exposição, é o êxtase de quem procura tesouros no fundo da sua alma, mas como está cego, encontra vermes e os confunde com diamantes. A artista, em entrevista telematizada, diz que "Vermes não têm valor, é meio degradante, mas fazem parte da natureza e são importantes também. Mas sem valor material.".
E este é o ponto de reversão do poema de Goethe, aquele momento crítico no qual a exterioridade do esvaziamento interno se revela extremamente empobrecedora, inclusive na fornuta errante de lançar as mãos no desconhecido do solo e apenas conseguir retirar, dentre todas as maravilhas que a terra mãe como nutridora poderia fornecer aos filhos, apenas o ser que trabalha com a matéria pútrida, o verme. É aí que a reversão atua de maneira mais clara no poema. Ora, enquanto não acordares para as profundezas da alma, a vida material não poderá revelar mais do que falsos tesouros. Essa parece ser a mensagem de Goethe, que no século XVIII escrevia sobre os mistérios do universo e o drama humano para compreendê-lo. 
A exposição de Fujiawara, francamente inspirada nessa obra, parece trazer para o contexto emocional atual os ensinamentos daquele escritor, colorindo com reflexões visuais a nossa busca por perfeições amorosas, riquezas, a nossa busca pelo tesouro impossível. O tesouro dos nossos dias, nós que somos uma geração a qual não aprendeu a preparar o terreno da alma para colher o verdadeiro tesouro.


Esteticamente, a artista afirma ser o novo trabalho influenciado pelo novo surrealismo pop italiano, de artistas como Ania Tomicka e Paolo Petrangeli. Os trabalhos ainda não acabaram, estão em processo até data próxima a exposição, a qual contará pela primeira vez, com um curador e um marchand para a viabilização do evento.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Arvo Part - Magnificat - Repetições Hipnóticas



Este canto da liturgia cristã lindamente representado por imagens da sociedade contemporânea da década de 60, executado pela engenhosidade de Arvo Part, compositor da Estônia, que pratica o minimalismo musical, dentro do qual utiliza um mecanismo de repetições hipnóticas para dar efeito ainda mais grandioso as suas composições. Suas obras estão espalhadas em inúmeras produções da indústria cinematográfica pop, como nos filmes de Godard. Apreciem!