1- Conte-nos sua experiência como Baterista de bandas do circuito Rio-São Paulo durante as décadas de 1980 e 1990. E se brincou com outros instrumentos também.
R: Minha experiência se deu ainda garoto, me lembro bem tocando nas latas de biscoitos e panelas e baldes em minha casa, mais tarde, já na adolescência, ensaiava com algumas bandas formadas por garotos da minha idade, nas garagem do bairro onde morava. No circuito Rio-São Paulo toquei somente com bandas de São Paulo, sendo que toquei muito no Rio também.
2- Gostaríamos que nos falasse sua percepção sobre o rock de garagem, e o punk rock em especifico, nascente no Brasil naquela época e sobre o rock'n'roll em geral, sobre como as bandas se articulavam no solo tupiniquim para viver essas experiências.
R: Olha, durante os anos 60, 70, até meados de 80, a garagem foi muito importante no senário musical. Das garagens saíram grandes músicos e grandes bandas. Era maravilhoso! Cada esquina tinha uma banda ensaiando!
Bandas punks como Inocentes, Cólera, Garota do centro, Mercenárias, Olho seco, Camisa de Vênus e tantas outras bandas... esse movimento foi muito articulado, seria um tipo do grito da periferia, esse movimento tinha uma ideologia que hoje eu não vejo, hoje o que vemos pelas ruas são punks de boutique.
3- O que poderia nos contar sobre a influência de bandas de fora de São Paulo e de fora do Brasil para a obra das bandas em que tocou. Quais eram os grandes e pequenos nomes de músicos que vocês gostavam de reviver?
R: As influências eram diversas, cada banda e músicos tinham em quem se espelhar, seus ídolos. O grupo 365 tem uma grande influência do the clash , por exemplo. No nosso caso, tínhamos uma pitada dos Rolling Stones, Animals, Dead Kenneds, Joy Division, Sex Pistols, etc...
4- Havia algum tipo de filosofia que norteasse o pessoal, em sua opinião? Se sim, como seria ela? Quais eram os livros e revistas que andavam na boca das pessoas com quem convivia e em especifico, os que você mesmo gostava de ler ou conversar sobre naquela época?
R: Sim, a filosofia da moçada era 'contra o sistema', contra a opressão, pela liberdade , pelo fim da censura. O livro que eu mais gostava nesta época era o 1968, que muita gente leu também. As revistas eram a Veja, a Carta Capital, e Época, etc...
5-Como foi tocar na banda Magazine com o Kid Vinil numa época em que Menudos era o mot de uma grande parcela da juventude? A nível de identidade, como você, enquanto músico, se diferenciava ou se aproximava da obra deles?
R: Eu e o Kid nos conhecemos em frente a um relógio de ponto, pois trabalhávamos na mesma empresa, e ali nasceu uma grande amizade entre nós. Ele com alguns discos de rock debaixo do braço e papo vai, papo vem, acabamos montando o grupo Magazine. Eu nunca torci o nariz para o trabalho dos Menudos, e os adolescentes curtiam esse som.
6- O que significou passar de uma banda do estilo Verminose para um projeto como Magazine?
7-O que pensas da música dos anos 2000, achas que o país caiu numa crise de criatividade ou é possível ver boas bandas surgindo?
R: Não vejo nada animador, a sensação é que falta talento em todas as áreas, no teatro, no humor, na música, vamos torcer que surja alguma coisa boa por aí, com esses funks está mal.
8-Como entende a música feita pelo Made in Brazil, essa grande banda dos primórdios do rock brasileiro? Como foi com os mesmos?
R: O Made dispensa qualquer comentário, The Best... tocar com eles foi maravilhoso.
9-Nos fale sobre seus outros projetos culturais e musicais que não foram citados aqui, como por exemplo as parceiras com Amado Batista.
R:Projetos culturais: sou artista plástico também, estou desenvolvendo trabalhos de pintura para uma breve exposição. Quanto ao Amado Batista, para mim é um grande gentleman, um cara formidável e tocar com ele foi uma grande honra.
10- Conte-nos sobre seu programa de rádio, que tipo de trabalho vem desenvolvendo no mesmo? Qual, na sua opinião o papel do radialista e do comunicador social hoje? O que pensas sobre os programas de rádio que vem sendo desenvolvidos pelo país?
R: O programa pode ser sintonizado na rádio globo AM 1.100. Faço a produção do programa. O papel do radialista e do comunicador é muito importante, por formar opiniões, mas o que vejo hoje em dia é que faltam talentos grandes na área. Eu acho os programas que vêm sendo desenvolvidos bem legais, mas deveriam dar mais ênfase nas coisas do nosso país.
11-Qual a produção cultural de sua autoria que mais curte, seja ela música, programa , texto, arte, etc...?
12- Que música e bandas (atuais ou antigas) tem gostado de ouvir nos tempos de hoje? Conte-nos se está lendo algum livro ultimamente (ou sobre o ultimo livro que leu) e o que achou do mesmo.
R: Das atuais Artic Monkeys, Franz Ferdinand, Charlie Brown JR . Das mais antigas, Rolling Stones, Beatles, Black Crowes e etc...
Estou na metade do livro Memorias de um Sargento de Milícias, e estou curtindo bastante o livro até o momento.
13- Nos fale do que pensa sobre a internetização da cultura brasileira. Temos algo a ganhar e algo a perder com ela?
R: Eu vejo com muito medo, temo perder a nossa identidade.
14-Tens um lado espiritual muito bonito, como foi reviver esse lado durante esse tempo em sua vida? Acreditas que rock'n'roll pode, de alguma forma, atrapalhar esse lado?
R: Procuro viver na melhor forma possível, sem fazer mal a ninguém. Pelo contrario, o rock'n'roll não interfere em nada.
15- Você é uma pessoa até hoje sabemos, com uma obra muito querida por seus amigos e família. Qual a importância da família pra vida da música? Achas que a família é um valor que deve ser preservado ou precisamos entender família de uma forma diferente nos dia de hoje?
R: A família é um ponto chave de uma sociedade, eu sou muito família, a violência que nós assistimos todos os dias no mundo é resultado da falta de uma família estruturada .
16- Deixe uma mensagem para os jovens, e leitores do Mondo Teeno, em geral!
R: Amigos, curti muito essa entrevista, valeu mesmo, deixo um grande abraço...
17-Onde poderão os leitores entrar em contato com sua obra antiga e atual? Deixe um contato de e-mail seu!
R: No facebook e no e-mail: trinkao batera@hotmail.com
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