Bruno Mendonça é desses artistas cujos hobbies levaram-no a construir uma obra experimentalmente nova e rica em referências. Seus desenhos e ilustrações lembram tanto o mundo fantasioso dos Hq's, quanto as personagens pós-punks dos Rpg's da White Wolf e ainda os trabalhos old-school dos tatuadores tradicionais. Nessa entrevista ao Mondo Teeno, ele, que além de ilustrador, é um estudioso da game arte, irá falar um pouco mais sobre suas influências estéticas e sobre a recepção de seus trabalhos.
p.s.: Bruno nos disse que teve muito mais influência do Dungeons & Dragons.
p.s.: Bruno nos disse que teve muito mais influência do Dungeons & Dragons.
1) Como você definiria a arte que produz? Quais técnicas gosta de utilizar? Fale-nos sobre sua formação.
R: Bom, sou formado em Artes Visuais – Design
Gráfico pela Universidade Federal de Goiás e hoje sou mestrando (concluo em
mar/2014) na mesma instituição, em Arte e Cultura Visual onde desenvolvo pesquisa
acerca da gamearte. Atualmente, penso que sou um artista multimídia, uma vez
que atuo com produções nas áreas de ilustração, fotografia, gamearte e toyart,
inclusive participando de exposições em eventos internacionais como o #12.ART.
Entretanto, meu foco está na ilustração, uma “pesquisa” que desenvolvo desde
minha infância e que tem rendido bons frutos.
2) De onde você tira inspiração para produzir
figuras humanas nessa temática mais dark, gótica? É da literatura, do cinema,
da música?
R: Atualmente tenho
trabalhado bastante com a figura feminina... simplesmente me fascina de uma
forma muito além do carnal. Vejo o corpo – tanto o feminino como o masculino –
como coisas perfeitas. Hoje, me inspiro muito em mulheres reais, que vejo no
dia-a-dia, mas aprecio muito trabalhos de modelos e fotógrafos que atuam com nú
artístico, como o famoso Suicide Girls e os fotógrafos Helmut Newton (óbvio),
Michael Helms e Stephan Grosjean. A questão do gótico... penso que grande parte
dessa inspiração veio com o passado como fã de histórias de terror clássicas e
jogador de Roleplaying Games, além de
ser um fanático por literatura marginal. Sempre adorei os trabalhos de caras
como Bram Stocker, Stephen King e o velho Charles Bukowski (literatura), Ralph
Horsley Gerald Brom e Boris Vallejo (artes plásticas). Em questão de músicas...
sou bem eclético para falar a verdade: ouço de Daft Punk a Dio! Mas gosto
bastante de instrumentais, como Glorie, Hammock e Russian Circles.
3) A qual substrato da população você acha que sua arte
se destina?
R: Essa foi engraçada de se
pensar... acho que nenhum! Eu não penso muito em “quem vai ver meus trabalhos”,
mesmo quando estou preparando algo para exposições ou algo assim. Faço o que
faço por mim, como expressão minha. Independente do observador, quero causar
alguma reação, sentimento. Fazer transparecer o que eu sinto e, quem sabe,
fazer o outro se sentir também. Faz sentido? Hahahaha!
4) Seu trabalho se assemelha ao de algum ilustrador ou
corrente artistica conhecida\o? Caso afirmativo, qual?
R: Eu sinceramente não acho
que meu trabalho pareça com o de alguém conhecido. Dizem que me aproximo dos
trabalhos do Boris Vallejo – quem dera! – mas não concordo muito. Flutuo muito
entre estilos, passando do realismo ao minimalismo à art nouveau... e por ai
vai.
5) Há espaço em Goiânia para seu tipo de estética?
R: Existe, mas pouco. Voltando
à questão do público, eventos musicais, artísticos e afins estão sempre ai.
Entretanto, existem as questões de “moda do momento” que acabam colocando
outras formas de expressão às margens. Hoje, trabalhos como o Graffiti, por
exemplo, estão com força total. Não que seja algo ruim, muito pelo contrário...
Adoro e admiro o bom graffiti e acho que os caras fazem um excelente trabalho
propagando arte de forma “comunitária”, digamos assim.
6) Fale sobre a exposição no evento de tatuagem, como
seu trabalho se liga a eventos desse tipo.
R: Já participei como
artista convidado por duas vezes do Tattoo Rock Fest, um evento internacional
de tatuagem, cultura e música que ocorre anualmente em Goiânia. A primeira – Damas da Noite – foi um pouco
complicada, pois tudo foi acertado em cima da hora, mas acabou gerando um
resultado interessante: foram oito ilustrações e oito contos produzidos de
forma a dialogarem sobre a vida e os sentimentos de um homem e as mulheres que
encontra pela vida. A segunda – Les F.A.T.A:L.S – foi bem mais elaborada,
gerando trabalhos que repercutiram bastante. Contava com quatro quadros que
misturavam técnicas de ilustração e fotografia, retratando a natureza feminina
ligando-a aos elementos da natureza. Existe toda uma discussão mais longa que,
se quiser, pode ser vista no disclaimer
da exposição - http://spikeilustra.wix.com/site#!les-fatals/c1f6n
- junto com as peças que fizeram parte da mesma.
7) Percebemos influência dos quadrinhos nas suas telas.
Como esse tipo de fusão se dá, do seu ponto de vista?
R: Engraçado, embora eu não
“diga”, muita gente vê que existem sim influencias de quadrinhos nos meus
trabalhos. Penso que é algo natural para o artista, absorver aquilo que vê.
Adoro graphic novels – como a série
Sandman e Torre Negra – e, na infância, tive contato com o mangá. Fato curioso:
meu orientador de mestrado e grande amigo, Edgar Franco, é quadrinista e
desenvolve pesquisa voltada para essa área, entre outras coisas.
8) Deixe uma mensagem para a juventude!
R: Uma das minhas frases
pessoais favoritas: “Não precisa fazer sentido.”
Mais de Bruno Mendonça:
http://spikeilustra.wix.com/site#!home/mainPage
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